dezembro 28, 2005

Desabafo...

Este post é um desabafo...

Desde que engravidei esperei que as pessoas mais próximas se envolvessem mais, se aproximassem mais... pela época em que descobri que estava grávida, achei que, além de estar realizando um sonho meu - pois eu sempre quis muito ser mãe - tratava-se de um momento muito delicado na vida de pessoas muito próximas a mim...

Tive muitos altos e baixos emocionais durante toda a gravidez, pois ficar grávida não é pra qualquer uma não, definitivamente! Muitas vezes perdemos o controle das nossas emoções, questionamos ações e decisões tomadas, nos sentimos impotentes, incapazes. Outras nos sentimos tão frágeis, precisando tanto de um colo, um abraço, uma palavra. Outras nos sentimos fortes, verdadeira "mulher-maravilha", indestrutíveis... enfim, é uma inconstância tão grande que muitas vezes nos olhamos no espelho e perguntamos, cadê eu???

O corpo muda demais, perdemos o controle sobre o peso, todo ele dói, e na tentativa de se adaptar, vamos descobrindo cada vez mais limitações e outras dores...

Em meio a esse turbilhão, há a vida, que continua, com trabalho - muito trabalho - família com problemas - muitos problemas - e cada um vivendo sua vida como sempre, porque a única vida que muda é a de quem carrega o bebê, a dos demais, é igual.

No início eu achava que ninguém se importava, que as pessoas não estavam nem aí, mas o fato é que a vida delas não mudou, só a minha, e para sempre!

Hoje, cá estou eu, na reta final, faltam só 45 dias pra chegada do Pedro e esta semana estamos eu, ele e nossos anjos guardiões... todas aquelas pessoas que eu achei que iriam se aproximar mais por causa dele ou por mim mesma não o fizeram... todos que me ligaram, me bajularam, sumiram, cada um com suas desculpas... enfim...

Ainda haverá o dia em que escreverei um livro para dizer o quão solitária é uma gravidez, o quão difícil é gerar um ser humano, o quão instável é este momento, que dura 10 meses - sim, uma gravidez nunca é de 9 meses, pois são 41 semanas - mas ao mesmo tempo escreverei o sentimento único que é gerar um ser humano e senti-lo e saber que somente eu pude fazer isso, somente eu posso nutri-lo com o meu melhor, somente eu posso conversar com ele e sentir seus movimentos sabendo que estamos em pleno diálogo; somente eu serei a sua mãe!

Comecei minha trajetória só e termino só. A solidão nunca é algo bom, porque entendo que o ser humano não nasceu para viver só. Mas busco compreender da seguinte forma: eu estou fisicamente só, porque ainda não posso ver ou segurar meu bebê, mas não tão só, porque sinto ele dentro de mim e sinto a presença dos meus amigos espirituais, que nunca, jamais, nos deixaram.

Desejo a todas as grávidas e todas as mulheres que pretendem engravidar que jamais sintam solidão, olhem pra suas barrigas crescendo e sorriam, pois somos únicas!!!

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